Suspeita de colocar arsênio em bolo no RS também teria envenenado suco consumido pelo filho, diz delegado
21/01/2025
Polícia afirma que filho e marido tomaram suco envenenado em dezembro. Perícia confirmou presença de arsênio na urina do filho de Deise. Não há informação se o envenenamento foi intencional.
Exames detectam arsênio no marido e no filho de mulher presa por envenenar bolo
A Polícia Civil está investigando se Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar um bolo no Rio Grande do Sul, também adicionou arsênio a um suco consumido pelo filho. Na segunda-feira (20), exames detectaram a presença da substância na urina do menino. A investigação ainda não confirma se o envenenamento foi intencional.
O delegado Marcos Vinícius Veloso, responsável pelo caso, confirmou a presença da substância no suco à RBS TV na manhã desta terça-feira (21) e também comentou sobre o caso em entrevista à Rádio Gaúcha.
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O delegado ainda afirma que nenhuma hipótese é descartada no momento. Deise está presa por suspeita da morte de três pessoas que comeram um bolo envenenado por arsênio. Veja a linha do tempo do caso.
A investigação aponta que marido e filho de Deise teriam tomado um suco de manga, em dezembro, dias antes da família comer o bolo. A polícia investiga se a suspeita pode ter colocado arsênio.
"Ao que tudo indica, o consumo do suco feito pelo filho da investigada não foi acidental. Então, mais detalhes eu não posso conceder neste momento, mas ele não foi acidental", afirmou o delegado. "Não foi acidental o consumo do suco, seja por parte do marido da investigada, seja por parte do filho da investigada", completou.
A Polícia Civil havia pedido, na última semana, ao Instituto-Geral de Perícias (IGP), a coleta de material genético do marido e do filho da mulher suspeita de envenenar o bolo que matou três pessoas da mesma família em Torres, no Litoral, com arsênio.
Na noite da segunda-feira (20), o IGP confirmou presença do veneno, tanto no filho, quanto no marido e também na sogra, Zeli Terezinha dos Anjos. Agora, a investigação vai definir se a intenção de Deise era envenenar marido e filho propositalmente ou, se o filho tomou suco contaminado de forma acidental.
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Investigação
Zeli dos Anjos e o marido de Deise, Diego Silva dos Anjos, prestaram depoimentos como testemunhas nesta segunda-feira (20), e não são tratados como suspeitos pela polícia.
Bolo envenenado foi recolhido ao Instituto Geral de Perícias (IGP)
Divulgação/IGP
Em nota divulgada no dia 10 de janeiro, a defesa da suspeita Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente, alega que "as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso" e que "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação".
Polícia diz que sogra era alvo
Segundo o delegado, a sogra da suspeita, Zeli dos Anjos, era o principal alvo dos envenenamentos.
Delegado Marcos Veloso em coletiva sobre caso do bolo
Reprodução/RBS TV
"O principal alvo dela era a Zeli. Ela estava no dia 2 de setembro, quando fez o café com leite em pó e tudo mais, junto com seu marido, e também estava no local em que Zeli fez o bolo em Arroio do Sal e ela também consumiu o bolo e também foi para o hospital", diz.
A polícia já confirmou que Deise levou o leite em pó para a casa dos sogros. A polícia tenta entender como a farinha, usada para fazer o bolo de Natal, foi levada até a dispensa de Zeli dos Anjos.
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Depois do caso do bolo ser revelado, a polícia passou a investigar se Deise Moura dos Anjos teria envolvimento também na morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que morreu em setembro, supostamente por intoxicação alimentar.
A polícia exumou o corpo, e exames constataram que ele ingeriu arsênio antes de morrer. O sogro de Deise morreu de infecção intestinal após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele pela nora.
Após a morte do sogro, um áudio enviado por Deise revela o relacionamento problemático com a família.
"A gente tá muito nervoso, muito ansioso, um pouco depressivo também. Ele era um pai maravilhoso, um avô muito querido e a minha sogra é uma peste", diz.
Os envenenados
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não comeu o bolo. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.
Entenda quem é quem no caso do bolo em Torres
Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada "choque pós-intoxicação alimentar".
A mulher que preparou o bolo, Zeli dos Anjos, recebeu alta do hospital nesta sexta-feira (10). Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, ela foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. Uma criança de 10 anos, que também comeu o bolo, foi liberada na semana anterior.
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